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Banco Marcas - História e processo

No início de 2016, após um ano de estudos no Politécnico de Milão, na Italia, voltamos para o Brasil para concluir nossa graduação na Universidade Federal do Paraná, localizada no centro da cidade de Curitiba. Precisávamos fazer nosso projeto de conclusão de curso e a vontade de escapar dos métodos tradicionais de projeto, de tirar a viseira de burro que a rotina linear projetual acaba nos vestindo no decorrer dos anos, nos pareceu uma proposta muito interessante e desafiadora.

Sendo assim, optamos pelo desenvolvimento de um produto de forma quase que contrária à linearidade sistemática tradicional. Decidimos deixar o acaso ser o grande fio condutor do processo e, como conceito, pensamos que seria importante resgatar fragmentos formadores da nossa identidade, refletir quem eramos nós naquele instante de nossas vidas e aplicar esses recortes emocionais em um produto conceitual e tridimensional.

Em meio a uma grande colcha de retalhos, não existia o certo e o errado, o mais ou menos importante, existiam vivências que lembrávamos mais, outras menos. Algumas muito importantes, mas um pouco borradas pelo tempo e outras muito nítidas, porém, talvez não tão relevantes na formação de nossas identidades. De qualquer modo, fizemos nossas escolhas e os fragmentos foram colocados sob a mesa. A intervenção urbana de Lambe-lambe, a tatuagem e alguns recortes familiares foram as memórias afetivas selecionadas.

Analisando a escolha desses fragmentos, percebemos que todos eles tinham de alguma forma uma ligação muito forte, mesmo se tratando de momentos distintos de nossas vidas e temáticas diferentes. Todos deixavam, à sua maneira: marcas. Marcas disruptivas de papeis colados nos muros da cidade, de cola escorrendo, de intervenção. Marcas de agulhas que perfuram a pele, que quebram o estado natural do corpo, que nos fazem carregar lembranças, sorrisos e significados. Marcas de nossas memórias, de nossos familiares, que formam nossa construção como indivíduos e que foram interpretadas e aplicadas em nosso produto final.

Desse processo orgânico e não linear de desenvolvimento, surgiu o banco Marcas. O banco foi escolhido como suporte para a aplicação do conceito pela iconicidade nessa categoria do "sentar" que o design vem carregando ao longo da história e que tornou bancos, cadeiras e poltronas como símbolos do design de produtos. Um suporte icônico que teria como desafio exalar nossas memórias e nossas marcas.

O resultado desse método de desenvolvimento desregrado, carregado de histórias e guiado pelo acaso em sua construção, tanto em sua concepção formal quanto na definição dos materiais, você confere nas imagens abaixo e no vídeo produzido para o projeto, intitulado " Só o erro tem vez ", inspirado na poesia do poeta curitibano Paulo Leminski.

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